Formação promovida pela CESE, em parceria com a Diaconia e Virando o Jogo, busca fortalecer iniciativas comunitárias e ecumênicas com foco na mobilização solidária e engajamento coletivo

Entre 07 e 10 de maio, aconteceu o Curso de Mobilização de Recursos promovido pela Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), em parceria com a Diaconia, Virando o Jogo e apoio da Pão para o Mundo. Voltado para lideranças religiosas, jovens e representantes de organizações comunitárias, o curso teve como objetivo fortalecer capacidades em torno da sustentabilidade organizacional e da mobilização de recursos humanos, financeiros e simbólicos.
Para Waneska Bonfim, coordenadora da Diaconia, essa não é uma formação apenas técnica, mas um espaço para repensar a sustentabilidade como prática. “É sempre uma honra para nós discutir questões relacionadas à justiça social e nosso papel como cristãs e cristãos para a sustentabilidade das ações”.
No primeiro dia, o curso contou com uma roda de conversa sobre sustentabilidade, com partilhas das experiências do Instituto Solidare e da Universidade Popular do Nordeste. Durante o debate, os e as participantes revelaram estratégias diversas e criativas de mobilização, como feijoadas solidárias, ações com juventudes e trabalho de base em territórios populares. “Em todas as minhas viagens missionárias eu mobilizei recurso de forma coletiva. Vendíamos água na praia para financiar as agens. Foi tudo na base do apoio mútuo”, relatou Nathália Teixeira, do Fórum de Mulheres Cristãs. Já Adriel Santana, do Instituto Solidare, lembrou que o recurso não se limita ao dinheiro: “é gente, é espiritualidade, é tempo, é conhecimento. Precisamos ampliar essa visão. Lembrar sempre que recurso não se recusa”.
O grupo também apresentou, em gráficos, a composição de fontes de financiamento de suas organizações. Enquanto algumas contam com apoio quase integral de doações individuais, outras enfrentam dificuldades em manter arrecadações regulares, o que provocou reflexões sobre a falta de diversidade de fontes que as organizações enfrentam nas suas organizações.
O diálogo seguiu com provocações que ampliaram o conceito de sustentabilidade além do campo financeiro. A equipe facilitadora ressaltou que a mobilização de recursos envolve também engajamento político, fortalecimento da missão institucional e ampliação das redes de apoio. “A mobilização não se limita à captação de dinheiro. É sobre engajar pessoas e organizações em torno de uma causa. É conseguir tempo, serviços, doações, apoio moral e reconhecimento social”, destacou Marília Pinto, analista de comunicação da CESE.
Evandro Alves, do Instituto Solidare apontou a mudança nas fontes de financiamento internacionais, como o caso de grupos da Itália que, por entenderem que o Brasil já ocupa uma posição econômica relevante no mundo, redirecionaram seus apoios para outros continentes. “O investimento social está mais curto, mais exigente e menos disponível. Por isso precisamos pensar em sustentabilidade como autonomia e como ação estratégica, não só como sobrevivência,” ressaltou. Também durante o debate pontuaram dificuldades em relação à mobilização e engajamento do público jovem.


Os dias seguintes foram dedicados a estimular a reflexão e a prática dos e das participantes nos principais pontos de mobilização de recursos. Entender como funciona a cabeça do doador e doadora, formas de comunicar melhor o objetivo do projeto, instituição ou programa; elaboração de eventos para arrecadação de fundos e outras possibilidades de colaboração; elaboração de pitchs – apresentações curtas, objetivas, convincentes e que provocam a curiosidade ou o entusiasmo do/da possível doador/a.
Além das práticas de estratégias para arrecadação de recursos, também foram muito trabalhadas as estratégias de mobilização e construção de relações de confiança, credibilidade e afeto de apoiadores/as. Sendo eles ou elas empresas ou pessoas físicas. “Uma coisa que eu aprendi é que, por mais que essas doações possam ser feitas por empresas, elas, na verdade, sempre acontecem de pessoa para pessoa”, comenta Adriel Santana, do Instituto Solidare, relatando a importância de pensar no/na doador/a enquanto pessoa que também tem seus interesses e necessidades.
Com muita ludicidade, Bianca Daébes, Marília Pinto e Lucyvanda Moura elaboraram momentos com muitas trocas de experiências e possibilidades de experimentação entre os/as participantes, utilizando pautas reais e fictícias e desafiando as habilidades de cada um/uma. Defesa de causas inusitadas, elaboração de materiais de comunicação digital e física, pitchs de 01 minuto e roteirização de eventos foram algumas das atividades que rechearam esses dias de formação. “O curso teve uma abordagem bem dinâmica, pedagógica e lúdica que eu não esperava. Estou saindo daqui muito surpreso e satisfeito”, comenta Leonardo Fonseca, coordenador pedagógico do Exército da Salvação da Torre.
No último dia, o grupo se dedicou a entender a importância de uma equipe voltada para a mobilização de recursos e como a definição de papeis e atribuições é importante para o processo. Esse é um trabalho que não pode ficar a cargo de uma única pessoa porque é preciso pensar diferentes possibilidades e formatos de sensibilização para a doação.Para finalizar os quatro dias de formação, cada organização saiu com um Plano de Mobilização de Recursos para sua organização. Cada organização poderá apresentar um projeto com um Plano de Mobilização de Recursos para o Programa de Pequenos Projetos, na categoria Metodologia de Dupla Participação, modalidade que consiste na mobilização de recursos locais pelos grupos apoiados tendo o valor arrecadado dobrado pela CESE.


Para finalizar os quatro dias de formação, cada organização saiu com um Plano de Mobilização de Recursos para sua organização. Cada organização poderá apresentar um projeto com um Plano de Mobilização de Recursos para o Programa de Pequenos Projetos, na categoria Metodologia de Dupla Participação, modalidade que consiste na mobilização de recursos locais pelos grupos apoiados tendo o valor arrecadado dobrado pela CESE.
Sobre a Aliança Virando o Jogo 713hn
A CESE é apoiada pela Fundação Wilde Ganzen desde 2007, através de apoio a projetos. Com o Aliança Change The Game já são 10 anos de parceria na área de formação em mobilização de recursos e incidência política.
São membros da Aliança ”Change The Game Academy (Virando o Jogo)”: Wilde Ganzen Foundation( Holanda), Kenya Community Development Foundation (KCDF/Quênia), Smile Foundation (Índia), The Institute for Monitoring and Evaluation (TIME /Siri Lanka), Association Burkina de Fundraising (Burkina Faso), CID – Nepal Center for Integrated Development, Corporación PODION (Colombia), CASA Gambia (Community Action Association/Gambia), e Satunama Foundation ( Indonésia).
Além de West Africa Civil Society Institute (Ghana), Development Expertise Center( Etiópia), West Africa Civil Society Institute (WACSI/Camarões), Advocacy and Policy Institute ( Camboja), Rhiza Babuyile ( África do Sul), Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE ( Brasil), Foundation for Civil Society (FCS/Tânzania) e Uganda National NGO Forum (Uganda), anfitriã do encontro.